Resolvi correr atrás do prejuízo, queria
estudar para concurso e fazer a faculdade ao mesmo tempo. Eu já era pai e
não conseguiria fazer o curso presencial naquele momento. Me matriculei
em um curso EAD de 2 anos, como dizia um professor de cursinho:
"tecnólogo de p... nenhuma". Fui conciliando esse curso com algumas
matérias básicas de concurso: português, informática, RLM, dir. adm e
dir. constitucional, não conseguia estudar muito nessa época. Em 2013
fiz meu primeiro concurso: PMPR. Fui aprovado, bem colocado na minha
região, fiz todas etapas e quando fui convocado decidi não assumir.
Ainda em 2013, bati na trave no concurso de Escrivão da PF e passei
longe no concurso da PRF.
Depois da prova de
Escrivão vi que precisava me dedicar muito mais, montei um cronograma de
estudos, queria estudar pelo menos 4h por dia, sem falhar!
Sempre
fui muito metódico, criei meu cronograma como uma agenda no excel,
estudava 2 matérias por dia, 1h30 de cada e fazia muitos exercícios. Foi
logo nesse início que conheci o Missão Federal, começamos pesado nossa
rotina de simulados/exercícios, a parceria era forte, no fim, essas são
as únicas pessoas que entendem o que você está passando.
Era
difícil estudar, a família apoia, mas quando há algum problema ou a
coisa aperta em casa é complicado, você começa a se abalar e a cobrança
vem... Durante todo esse tempo eu trabalhei em período integral (ainda
estou trabalhando, mas agora de aviso prévio hehehe). Já em 2014, os
boatos eram grandes sobre a saída do edital e meu segundo filho estava a
caminho, durante muito tempo a minha rotina foi: chegar do trabalho às
19h, dar atenção para esposa e filho, dormir às 22h, acordava as 3h da
manhã e estudava até as 7h (horário que saia para trabalhar). Cafeína,
pó de guaraná e energético eram refeição.
Após
a autorização do concurso eu endoidei de vez, não estudava só de
madrugada, passava grande parte do dia fazendo questões e estudava em
qualquer horário que conseguisse, mas sempre seguindo o cronograma de
estudos. Minha esposa teve grande "culpa" em minha aprovação, me ajudou
muito nessa época, foi uma grande companheira e segurou as pontas em
casa, tomava conta de tudo! Três meses antes da prova meu segundo filho
nasceu, a alegria foi tremenda, mas eu precisava estudar (na maternidade
estava com um livro... louco de pedra), nem preciso dizer o quanto
minha esposa foi parceira, mesmo no pós parto ela me ajudava em tudo
para que eu pudesse estudar... Nessa época comecei a nadar, natação era
meu calo, nadava das 19h as 20h, 3x na semana, junto com um amigo (hoje
membro do MF também).
As atividades no Missão
Federal estavam a todo vapor, apertamos o cronograma para que pudéssemos
fazer o máximo de simulados até a prova. Esses simulados eram como um
emprego: profissionalismo, dedicação e muito comprometimento de todos.
A ansiedade era tremenda, me sentia muito bem preparado num dia e no
outro parecia que não sabia nada. Faltando um mês para a prova meu amigo
da natação comentou de um planejamento louco: estudar as matérias
básicas todos os dias e mais duas matérias específicas até o dia da
prova, gostei da ideia e assim foi meu cronograma de estudos no último
mês. Uma semana antes da prova ainda estava desesperado querendo
absorver matéria, hoje sei que isso é uma grande besteira, esse é o
momento de apenas consolidar tudo que foi aprendido e acreditar em si
mesmo.
No dia da prova cheguei bem cedo, todo
mundo muito ansioso, portões se abriram, prova na mão e quando abro...
BOMBA! Que prova era aquela!? Cade as questões de penal? E esse monte de
português? Que tema de redação louco, cade o estudo de caso? Cara...
respirei fundo, analisei a prova por uns 5 minutos tentando me acalmar e
falava para mim mesmo: vou conseguir, estou preparado, dane-se essas
mudanças! Resolvi mudar minha estratégia de prova ali (tremendo erro!),
fiz a prova primeiro ao invés da redação, isso quase me custou a
redação, o gabarito e por consequência a aprovação, me enrolei com o
tempo, pois não estava acostumado a fazer daquela forma.
Quando
saí, o corredor parecia "The Walking Dead", todo mundo com cara de
zumbi, pálidos, com cara de "alguém anotou a placa do caminhão?". Eu fui
um desses, saí arrasado, pensando "todos esses anos de estudo em vão,
não deu...", engraçado que esse sentimento de "não vai dar, mandei
mal..." me acompanhou em todas as fases até aqui.
No
dia em que resultado da objetiva saiu, não conseguia acreditar, meu
nome estava lá! Estava dentro das vagas, bem colocado, meu Deus... era
muito mais do que sonhei, estava na empresa e tremia muito, tive que ir
para o banheiro ligar para meus pais e minha esposa, para não falar ali
na sala perto de todo mundo. Agendei consulta médica para o mesmo dia no
período da tarde e fui embora na hora do almoço para comemorar, a tarde
aproveitei para pegar as guias dos exames no médico.
No
dia do TAF, estava muito nervoso, fazia a natação no limite. Demorou
bastante entre uma prova e outra, no vestiário, antes da natação, eu só
falava com Deus. Fui para a piscina, me posicionei e pensei "vai do
jeito feio mesmo, solta o braço do jeito que for", pulei e não pensei em
mais nada a não ser em chegar, a volta foi tensa, o corpo pedia para
parar e eu pensava "VAMO CARA@¨#*¨!!!", toquei a borda e o fiscal disse:
39 segundos. Nem acreditei! Para mim aquele tempo era o melhor do mundo
hahaha... Obrigado meu Deus!
O exame médico
foi "tranquilo", fora a ansiedade é o procedimento de sempre, prestar
atenção nos detalhes dos exames e boa... O psicotécnico foi mais
complicado, deixou todo mundo desesperado, a única certeza é não ter
certeza de nada. Passei a semana pós psicotécnico muito mal, meu Deus,
orei muito, não conseguia trabalhar, tentava acreditar que iria dar
certo.
O dia do resultado final (provisório)
chegou, nem fui trabalhar, não tinha condições de ficar na empresa, meu
coração parecia que iria sair pra fora. Esperei o dia todo e nada do
resultado, 18:30 já estava no sofá, tinha desistido de consultar o
resultado, 18:50 o site do cespe foi atualizado, corri para o
computador, cliquei no link com as mãos tremendo e quando digitei meu
nome na busca, meu Deus... mais uma vez eu não acreditava, passei em
tudo! Desabei no chão ajoelhado, chorando, minha esposa veio se juntar
ao choro e me abraçou, meu filho mais velho não entendia nada, ele que
tanto dizia aos coleguinhas que o pai era policial... agora, finalmente,
isso iria se realizar (se Deus quiser). Avisei meus pais e a galera do
MF, minha mãe não sabia se chorava de alegria pela realização do meu
sonho ou de aperto no coração por ter o filho e os netos longe por um
período kkkkk... faz parte.
Enfim galera, é
clichê, eu sei, mas é essencial dizer: nunca desistam! Por maiores que
sejam as dificuldades, seja o que for, mantenham o foco em seus sonhos.
Eu ouvi muita gente dizendo que isso era muito difícil, que a profissão
não é para mim (quem pode decidir isso senão eu mesmo?), ouvi do meu
chefe, quando comecei a estudar, que concurso era "carta marcada",
balela! Tive o maior prazer de pedir demissão a ele e dizer: Lembra do
concurso? PASSEI, VOU SER FEDERAL!!!
Aproveitem ao máximo o
grupo Missão Federal, é IMPRESCINDÍVEL para a aprovação, não tenho
nenhuma dúvida disso. Sem falar nas amizades que são feitas nesse grupo,
de coração, há pessoas no grupo (não citarei nomes) que considero como
IRMÃOS, pessoas da melhor qualidade e que me ajudaram demais nessa
jornada, são pessoas que entendem o que você está passando, isso faz
MUITA diferença.
Para fechar, uma mensagem que
eu guardei comigo todos esses anos de estudo e que ouvi em um dos muitos
vídeos motivacionais que assistia (sobre a PF, claro, hehehe):