Hoje contarei
um pouco da minha trajetória até o ingresso na PRF e da realização de um sonho. Tenho 29 anos,
carioca e ainda moro no RJ (mas logo mudarei para minha lotação inicial), sou
formado em Economia pela Universidade Federal Fluminense e minha experiência
profissional anterior havia sido toda em empresa privada.
Em outubro de
2003 entrei na faculdade, tinha 18 anos e meu objetivo era manter o padrão de
vida que meus pais me deram. Achava que esse era o caminho: entrar numa
faculdade com bom mercado de trabalho e virar um executivo do setor privado.
Durante a faculdade iniciei um estágio em uma empresa de telefonia e antes de
me formar, fui efetivado. O emprego era bom, do lado de casa, pagava bem, as
pessoas eram legais, mas durante toda essa jornada não conseguia sentir como se
estivesse rumo certo, a atividade nunca me satisfez, parecia mesmo que não era
aquilo que queria pra mim, acho que o próprio curso de economia me mudou, se
quando eu entrei pensava em fazer dinheiro, saí de lá querendo mudar, queria
ser feliz profissionalmente e foi aí que resgatei o sonho policial. Depois
que acabou a faculdade, no final de 2007, fiquei um ano e pouco sem estudar,
não me arrependo porque precisava de um descanso. Em 2009, saíram editais para
duas polícias na mesma época: PF e PRF. Como eu gostava do assunto
"trânsito”, pensei que teria mais condição de estudar pra PRF, porém eu
comecei depois que saiu o edital e com um agravante, nunca tinha visto nenhuma
matéria de Direito na minha vida, então só estudei o código de trânsito e
algumas resoluções e fui pra prova (sem fazer curso nenhum). Óbvio que não
passei, mas até que fui bem na parte que havia me dedicado. Ah ... E nem tentei
fazer a prova da PF/2009.
Em 2010,
resolvi investir de verdade no sonho, no auge da copa do mundo entrei num curso
presencial de 6 meses para agente da PF. Dessa vez, não foquei na PRF, pois a
chance de ter um concurso da PF era muito maior. Acabou o curso em janeiro de
2011, tirei 10 dias de férias no trabalho para descansar, e quando voltei, comecei um curso regular online. Fiquei o ano de 2011 inteiro trabalhando,
malhando e estudando em casa (no final do dia pelo menos 3 horas e nos finais
de semana de 6 a 8 horas - ainda conciliava com um namoro). Em novembro de 2011, tirei 20 dias de férias para
estudar forte, porque acreditava que o edital podia sair em janeiro de 2012. O
edital, salvo engano saiu em abril e a prova seria em maio. Mas aí veio um
problemão, eu vinha estudando muito, porém negligenciei um pouco com os
exercícios aeróbicos (em especial a corrida), só fazia musculação. Corria uma
vez ou outra e com o tênis ruim, sem compromisso. Mais perto da prova comecei a
aumentar a carga dos treinos (totalmente errado, sem noção), e o resultado foi
uma tendinite forte no joelho direito logo quando saiu o edital. Ou seja, o
treino que já vinha falho, teve que parar. Tomei vergonha e investi num tênis
bom e fiz tratamento só com gelo (outro erro: podia ter entrado com anti-inflamatório).
Resumo, fique dois meses sem treinar, passei na prova teórica e reprovei na
corrida, em todos os outros testes fui bem (barra, salto e a natação fazia no
tempo bem). Foi uma merda, fiquei muito triste, mas levantei a cabeça e
melhorei. Estudei como nunca, treinei muito mais, me alimentei melhor. Em 2012,
já tinha o edital da prova para escrivão da PF na praça, fiz turmas de simulado
aos sábados (era pauleira, depois de uma semana de trabalho, encarar o sábado
inteiro na sala de aula, lembrando que por uma falha minha ainda estava naquele
sufoco). Pelo menos a maioria das vezes conseguia boas notas, além disso,
entrei no grupo de estudos do Missão Federal que elevou muito meu nível. Já na
reta final do estudo para escrivão da PF, saiu o edital da PRF com mil vagas,
fiquei tentado a focar na PRF, mas seria muito arriscado, pois estava afiado
para a prova de escrivão. Então segui o foco, tirei 20 dias de férias antes da
prova da PF e estudei como nunca, eram umas 10 horas líquidas por dia. Veio a
prova teórica, sai dela com um mau sentimento, achei que tinha ido mal, mas
quando peguei a correção extraoficial fiquei mais empolgado. A prova da PRF
seria poucos dias depois, consegui negociar no trabalho e tirei, em seguida, os
10 dias de férias restantes para dar uma passada no que havia de diferente nos
dois editais (PRF e PF - era bastante coisa !!!). Na prova da PRF sai mais
confiante, achei a prova tranquila, sabia que tinha feito boa prova. Lembro que
no almoço, logo após a prova da PRF, conversava com minha namorada, sogra e cunhada
sobre qual das duas escolheria se eu passasse em ambas.
Passada a
etapa das provas teóricas, restava treinar muito para o físico, eram 3 dias de
corrida, simulados no local da prova, natação três vezes na semana. Dessa vez
eu acreditei que passaria em pelo menos uma das duas. Em 2012, quando reprovei
na corrida, além de ter dado bobeira no treino aeróbico, o meu maior defeito
foi não ter confiado em mim mesmo, acreditado que poderia passar e,
consequentemente, não negligenciar nos treinos. Mas enfim, dessa vez seria
diferente, os resultados da PF saíram primeiro, na prova objetiva, no gabarito
preliminar, fiz 70 pontos e no definitivo 84, o que me deixava em ótimas
condições para estar dentro das vagas. Porém veio o balde de água fria: a
redação ... Em 2012 havia quase ficado com a nota máxima e confesso que talvez
por ter ido bem naquela oportunidade, tenha deixado de lado o estudo da redação
dessa vez, fiz poucas ou quase nenhuma de treino. Sabia que minha redação não
tinha ficado mil maravilhas, as questões e o “case” da prova foram confusos
(mas confiava que daria para tirar o mínimo). Saiu a nota: 4,84, abaixo do
mínimo para aprovação (6,5). Fiz recurso e a nota aumentou para 6.09,
insuficiente. Fiquei tão chateado quanto em 2012. Mas ainda restava o resultado
da PRF, e pelo gabarito da prova objetiva tinha ido muito bem, só tiveram umas 10 notas
maiores que a minha, porém a redação mais uma vez me derrubou, mas não por
completo, fiquei acima do mínimo, que era 10, fiquei com 11.91 (UFA!!!). Isso
me levou para a casa do septuagésimo no ranking final, porém estava muito
feliz, até porque essa nota valeria para lotação (diferente da PF que só conta
o CFP). Veio o TAF e passei na boa, mesmo com toda pressão psicológica da
reprovação. Confesso que me emocionei no final da corrida, parecia que tinha
tirado um peso das costas (estava muito nervoso). Ainda tinha o psicotécnico
que também foi pauleira, mas deu tudo certo. Em dezembro pedi demissão do meu
antigo trabalho e aguardei o início do CFP, previsto para janeiro de 2014.
Apesar de vários atrasos em divulgações de resultados, de início do CFP e agora
da nomeação, devo dizer-lhes que valeu muito a pena, cada detalhe dessa
história, cada derrota e cada vitória, cada pessoa que conheci, por tudo isso
já me tornei uma pessoa melhor e mais forte. Espero que essa história de vida, da minha vida, possa ajudar vocês motivacionalmente e que também possam ver meus erros e não cometê-los, afinal "Uma pessoa
inteligente aprende com os seus erros, uma pessoa sábia aprende com os erros
dos outros."