sexta-feira, 2 de outubro de 2015

Trajetória do Policial Rodoviário Federal

Hoje contarei um pouco da minha trajetória até o ingresso na PRF e da realização de um sonho. Tenho 29 anos, carioca e ainda moro no RJ (mas logo mudarei para minha lotação inicial), sou formado em Economia pela Universidade Federal Fluminense e minha experiência profissional anterior havia sido toda em empresa privada.

Em outubro de 2003 entrei na faculdade, tinha 18 anos e meu objetivo era manter o padrão de vida que meus pais me deram. Achava que esse era o caminho: entrar numa faculdade com bom mercado de trabalho e virar um executivo do setor privado. Durante a faculdade iniciei um estágio em uma empresa de telefonia e antes de me formar, fui efetivado. O emprego era bom, do lado de casa, pagava bem, as pessoas eram legais, mas durante toda essa jornada não conseguia sentir como se estivesse rumo certo, a atividade nunca me satisfez, parecia mesmo que não era aquilo que queria pra mim, acho que o próprio curso de economia me mudou, se quando eu entrei pensava em fazer dinheiro, saí de lá querendo mudar, queria ser feliz profissionalmente e foi aí que resgatei o sonho policial. Depois que acabou a faculdade, no final de 2007, fiquei um ano e pouco sem estudar, não me arrependo porque precisava de um descanso. Em 2009, saíram editais para duas polícias na mesma época: PF e PRF. Como eu gostava do assunto "trânsito”, pensei que teria mais condição de estudar pra PRF, porém eu comecei depois que saiu o edital e com um agravante, nunca tinha visto nenhuma matéria de Direito na minha vida, então só estudei o código de trânsito e algumas resoluções e fui pra prova (sem fazer curso nenhum). Óbvio que não passei, mas até que fui bem na parte que havia me dedicado. Ah ... E nem tentei fazer a prova da PF/2009.

Em 2010, resolvi investir de verdade no sonho, no auge da copa do mundo entrei num curso presencial de 6 meses para agente da PF. Dessa vez, não foquei na PRF, pois a chance de ter um concurso da PF era muito maior. Acabou o curso em janeiro de 2011, tirei 10 dias de férias no trabalho para descansar, e quando voltei, comecei um curso regular online. Fiquei o ano de 2011 inteiro trabalhando, malhando e estudando em casa (no final do dia pelo menos 3 horas e nos finais de semana de 6 a 8 horas - ainda conciliava com um namoro). Em novembro de 2011, tirei 20 dias de férias para estudar forte, porque acreditava que o edital podia sair em janeiro de 2012. O edital, salvo engano saiu em abril e a prova seria em maio. Mas aí veio um problemão, eu vinha estudando muito, porém negligenciei um pouco com os exercícios aeróbicos (em especial a corrida), só fazia musculação. Corria uma vez ou outra e com o tênis ruim, sem compromisso. Mais perto da prova comecei a aumentar a carga dos treinos (totalmente errado, sem noção), e o resultado foi uma tendinite forte no joelho direito logo quando saiu o edital. Ou seja, o treino que já vinha falho, teve que parar. Tomei vergonha e investi num tênis bom e fiz tratamento só com gelo (outro erro: podia ter entrado com anti-inflamatório). Resumo, fique dois meses sem treinar, passei na prova teórica e reprovei na corrida, em todos os outros testes fui bem (barra, salto e a natação fazia no tempo bem). Foi uma merda, fiquei muito triste, mas levantei a cabeça e melhorei. Estudei como nunca, treinei muito mais, me alimentei melhor. Em 2012, já tinha o edital da prova para escrivão da PF na praça, fiz turmas de simulado aos sábados (era pauleira, depois de uma semana de trabalho, encarar o sábado inteiro na sala de aula, lembrando que por uma falha minha ainda estava naquele sufoco). Pelo menos a maioria das vezes conseguia boas notas, além disso, entrei no grupo de estudos do Missão Federal que elevou muito meu nível. Já na reta final do estudo para escrivão da PF, saiu o edital da PRF com mil vagas, fiquei tentado a focar na PRF, mas seria muito arriscado, pois estava afiado para a prova de escrivão. Então segui o foco, tirei 20 dias de férias antes da prova da PF e estudei como nunca, eram umas 10 horas líquidas por dia. Veio a prova teórica, sai dela com um mau sentimento, achei que tinha ido mal, mas quando peguei a correção extraoficial fiquei mais empolgado. A prova da PRF seria poucos dias depois, consegui negociar no trabalho e tirei, em seguida, os 10 dias de férias restantes para dar uma passada no que havia de diferente nos dois editais (PRF e PF - era bastante coisa !!!). Na prova da PRF sai mais confiante, achei a prova tranquila, sabia que tinha feito boa prova. Lembro que no almoço, logo após a prova da PRF, conversava com minha namorada, sogra e cunhada sobre qual das duas escolheria se eu passasse em ambas.


Passada a etapa das provas teóricas, restava treinar muito para o físico, eram 3 dias de corrida, simulados no local da prova, natação três vezes na semana. Dessa vez eu acreditei que passaria em pelo menos uma das duas. Em 2012, quando reprovei na corrida, além de ter dado bobeira no treino aeróbico, o meu maior defeito foi não ter confiado em mim mesmo, acreditado que poderia passar e, consequentemente, não negligenciar nos treinos. Mas enfim, dessa vez seria diferente, os resultados da PF saíram primeiro, na prova objetiva, no gabarito preliminar, fiz 70 pontos e no definitivo 84, o que me deixava em ótimas condições para estar dentro das vagas. Porém veio o balde de água fria: a redação ... Em 2012 havia quase ficado com a nota máxima e confesso que talvez por ter ido bem naquela oportunidade, tenha deixado de lado o estudo da redação dessa vez, fiz poucas ou quase nenhuma de treino. Sabia que minha redação não tinha ficado mil maravilhas, as questões e o “case” da prova foram confusos (mas confiava que daria para tirar o mínimo). Saiu a nota: 4,84, abaixo do mínimo para aprovação (6,5). Fiz recurso e a nota aumentou para 6.09, insuficiente. Fiquei tão chateado quanto em 2012. Mas ainda restava o resultado da PRF, e pelo gabarito da prova objetiva tinha ido muito bem, só tiveram umas 10 notas maiores que a minha, porém a redação mais uma vez me derrubou, mas não por completo, fiquei acima do mínimo, que era 10, fiquei com 11.91 (UFA!!!). Isso me levou para a casa do septuagésimo no ranking final, porém estava muito feliz, até porque essa nota valeria para lotação (diferente da PF que só conta o CFP). Veio o TAF e passei na boa, mesmo com toda pressão psicológica da reprovação. Confesso que me emocionei no final da corrida, parecia que tinha tirado um peso das costas (estava muito nervoso). Ainda tinha o psicotécnico que também foi pauleira, mas deu tudo certo. Em dezembro pedi demissão do meu antigo trabalho e aguardei o início do CFP, previsto para janeiro de 2014. Apesar de vários atrasos em divulgações de resultados, de início do CFP e agora da nomeação, devo dizer-lhes que valeu muito a pena, cada detalhe dessa história, cada derrota e cada vitória, cada pessoa que conheci, por tudo isso já me tornei uma pessoa melhor e mais forte. Espero que essa história de vida, da minha vida, possa ajudar vocês motivacionalmente e que também possam ver meus erros e não cometê-los, afinal "Uma pessoa inteligente aprende com os seus erros, uma pessoa sábia aprende com os erros dos outros."

Um grande abraço e boa sorte na missão !!!

Autoria do Texto: PRF MCLOVIN'