segunda-feira, 30 de abril de 2018

COACHING - COMO O CONCURSEIRO DEVE LIDAR COM AMIGOS E FAMILIARES (STAKEHOLDERS)

Olá amigos concurseiros da área policial.

Hoje abordaremos mais um importante tema que tem relação direta com a preparação para os concursos públicos, da área policial ou não: 

A GESTÃO DO RELACIONAMENTO E DO TEMPO COM SEUS AMIGOS E FAMILIARES.

Se você estuda para concursos públicos, com certeza você já teve alguma vez ou tem ainda algum tipo de dificuldade em lidar com as demandas geradas por seus amigos e familiares em geral, e aí eu incluo pais, avós, irmãos, filhos, primos, esposo, esposa, namorado e namorada.

Praticamente todas as pessoas com quem eu conversei até hoje, colegas de profissão, amigos, alunos, etc, no âmbito da discussão de temas relativos à preparação para concursos públicos, me relataram dificuldades na gestão dos relacionamentos, e como eles podem atrapalhar na rotina do estudo para o concurso público. 

Eu também tive alguns problemas com relação a isso quando estudava para a prova da PF, e tive que enfrentar esta situação com relação a stakeholders. Felizmente eu já havia estudado o tema na época que trabalhava com estratégia empresarial, e foi relativamente fácil para mim adaptar a ferramenta corporativa ao mundo dos estudos para concurso público.

Falaremos um pouco sobre a questão (que pode ser chamada de um "problema", sim, por que não?), e de como transformar as relações pessoais com amigos e familiares de algo NEGATIVO para algo POSITIVO, quando isto for possível. Quanto mais você conseguir transformar relações negativas em positivas, mais sucesso terá no seu projeto de passar no concurso público.




Mas antes de mais nada, a primeira coisa que precisa ser feita é definir o conceito de STAKEHOLDER

A palavra é meio esquisita, mas é um conceito que vem da gestão estratégica de empresas, mas que pode ser totalmente aplicado ao mundo dos concursos públicos. Vamos observar a definição da Wikipedia:

"Stakeholder (em português, parte interessada ou interveniente), é um dos termos utilizados em diversas áreas como gestão de projetos, comunicação social (Relações Públicas) administração e arquitetura de software referente às partes interessadas que devem estar de acordo com as práticas de governança corporativa executadas pela empresa."

Continuando:

"De maneira mais ampla, compreende todos os envolvidos em um processo, que pode ser de caráter temporário (como um projeto) ou duradouro (como o negócio de uma empresa ou a missão de uma organização)."


E tem mais ainda:

"O sucesso de qualquer empreendimento depende da participação de suas partes interessadas e por isso é necessário assegurar que suas expectativas e necessidades sejam conhecidas e consideradas pelos gestores." 

"De modo geral, essas expectativas envolvem satisfação de necessidades, compensação financeira e comportamento ético. Cada interveniente ou grupo de intervenientes pode possuir um determinado tipo de interesse no processo. O envolvimento de todos os intervenientes não maximiza obrigatoriamente o processo, mas permite achar um equilíbrio de forças e minimizar riscos e impactos negativos na execução desse processo."

Bem, acho que já ficou claro aqui que todas as pessoas com as quais você se relaciona no dia-a-dia podem influir na sua vida, ou seja, gerar impacto positivo ou negativo na sua rotina de estudos e treinos, a depender de como você as envolve no seu projeto (veja, que é algo temporário) de se preparar para o concurso público.

Todas essas pessoas, sejam elas mais próximas ou mais distantes, têm alguma relação com seu projeto de vida. É claro que quanto mais próximas, maior o impacto. Mas todas elas têm relação com o seu projeto, podendo influenciar tudo o que acontece nele.

Repare que seus amigos e familiares são "partes interessadas" no seu projeto. Vamos começar falando disso. Por que essas pessoas podem estar interessadas no seu projeto, se não são elas que estão estudando e treinando todos os dias?

Bem, para começar, é bem provável que seus amigos e familiares gostem de você, e se relacionem com você, demandando tempo e atenção. É claro que você também demanda tempo e atenção deles, e normalmente essa é uma via de duas mãos. 

Mas alguém que está estudando para concurso público há muito tempo, numa etapa bem avançada (o famoso "concuseiro compromissado"), ou seja, que passa o dia inteiro estudando, inclusive nos finais de semana, feriados, épocas festivas (carnaval, natal, reveillon etc), demanda menos atenção que é demandado de atenção (isto, na média, é claro, e vai depender de pessoa para pessoa).

Pois bem, seus amigos não resolveram estudar para concurso, nem seus pais, seus filhos, sua esposa/esposo. Eles continuam na vida normal que sempre tiveram -- quem resolveu mudar de vida foi você. E muitas vezes eles nem notaram, ou não tiveram total consciência do quão árdua é sua missão de estudar dezenas de horas a fio por semana, ficar trancado sozinho num quarto ou isolado numa biblioteca, treinar todos os dias, dormir limitado a "x" horas por dia, ter disciplina na alimentação, cortar gastos supérfluos etc.

Logo, eles provavelmente continuaram e continuam demandando de você a mesma quantidade de atenção do que antes de você começar a estudar. E isso inclui mensagens por aplicativos de conversa (WhatsApp, Telegram, etc), telefonemas, eventos de aniversários de família, churrascos, festas, chopps, encontros para fazer compras, viagens, ou quaisquer outras atividades de confraternização ou lazer que possam existir.

Mas se você está numa fase avançada do estudo, sabe que esse tipo de atividade social tem que ser reduzida ao mínimo -- claro que respeitando o conceito da CADEIA DE VALOR DO CONCURSEIRO, que você já viu aqui no blog (http://blogmissaofederal.blogspot.com.br/2017/03/coaching-cadeia-de-valor-do-concurseiro.html), onde você deve deixar uma parte do seu tempo diário e/ou semanal para diversão, lazer, etc. 

Porém essa parcela obviamente é bem menor do que antes, não é? Não dá mais para comparecer a todos os aniversários, festas, e encontros, igual você fazia antigamente. E os STAKEHOLDERS do seu projeto de passar no concurso muitas vezes demoram muito para perceber isso, ou nem chegam a perceber nunca. Por isso o problema precisa ser endereçado. Vamos falar sobre isso mais para frente.

Mas não chegamos a definir ainda o MOTIVO pelo qual essas pessoas são interessadas no seu projeto de passar no concurso. Até agora, falamos apenas no relacionamento social/afetivo que existe entre você e seus amigos e familiares no momento presente das vidas de vocês.

Pois bem, seus amigos e familiares são sim partes ATIVAMENTE INTERESSADAS no seu projeto de estudar/passar em concurso público. Esse interesse decorre tanto de situações presentes quanto futuras.

No PRESENTE, o impacto é com relação àquela demanda de atenção que falamos mais ali para cima. Sim, os seus stakeholders sentem-se afetados no momento presente pela sua falta de tempo em se relacionar com eles. Antes, eles estavam acostumados a se relacionar com você com uma determinada frequência e por determinada duração de tempo, e agora essa frequência provavelmente diminuiu bastante, bem como a duração do tempo que vocês se relacionam. Provavelmente, se você ainda vai a festas e confraternizações, fica pouco tempo e vai embora cedo para estudar. E se você costumava ligar para um amigo ou amiga todos os dias, vai passar a falar com ela quinzenalmente, por exemplo. Seus stakeholders sentem muito o impacto da sua falta no momento presente, e muitas vezes COBRAM a sua presença de forma desmedida, o que pode acabar atrapalhando seu projeto, caso você não saiba lidar com isso adequadamente.

E no FUTURO? Bem, se você está estudando para um concurso na esfera Federal, como a PF, a PRF, ou qualquer outro, muito provavelmente você será obrigado a mudar de cidade depois que tomar posse e entrar em efetivo exercício. Alguns dos seus stakeholders possivelmente já saibam disso, e por isso pode ser que ajam, talvez inconscientemente, de forma a sabotar esse seu projeto, porque não querem que isto aconteça. 

Pode parecer um pouco forte, mas é verdade, algumas pessoas podem agir de maneira a te sabotar, ainda que de forma inconsciente. 

Mas quem poderia agir dessa forma? Vou enumerar alguns exemplos. Seus filhos, que não querem se mudar de uma capital para a fronteira com a Colômbia, e perder o contato com todos os amiguinhos da escola. Seu marido, que já tem um bom emprego na sua cidade (ou uma empresa de sucesso) e não quer começar tudo de novo, do zero, numa cidade nova muito longe de casa e de seus pais que já estão velhos. Seus amigos, que não querem ficar longe de você, sabendo que você só voltará à sua cidade natal talvez uma ou duas vezes por ano. Seus pais, que já estão idosos, e não querem ficar longe de você e dos seus filhos (netos deles). Podem ser vários os casos.

E muitos dos stakeholders fazem isso mesmo gostando de você, mesmo te amando, e mesmo que conscientemente apoiem seu projeto de vida. Ou pelo menos dizem que apoiam...

Sim, pode ser que você esteja com um projeto de vida que esteja em desacordo com os planos de vida dos seus stakeholders, e por isso eles remam contra a maré. Em alguns casos, fazem de tudo para sabotar seus planos, atrapalhando seus estudos, cobrando mais atenção sua com os afazeres da casa e dos filhos, etc.

Alguns agem desta forma de maneira totalmente consciente, e outros de maneira inconsciente. Penso que eles ajam desta forma por medo da mudança, ou por não estarem totalmente de acordo com seu projeto de vida.

Lembram da definição da Wikipedia lá de cima, que dizia que "(...) partes interessadas que devem estar de acordo com as práticas de governança corporativa executadas pela empresa."?

Apenas pegue a frase acima e substitua "práticas de governança corporativa executadas pela empresa" por "rotinas e atividades de estudo e treino executadas por você concurseiro".

Desta forma, seus stakeholders devem estar DE ACORDO com o seu projeto. Caso não estejam, podem estar agindo contra ele, de maneira consciente ou não.

Isso é algo muito difícil de descobrir e administrar, porque você não tem total certeza se as pessoas que estão ao seu lado estão realmente te apoiando ou não. Você não sabe se elas estão de acordo com seus planos presentes (estudar e treinar com afinco todos os dias, incluindo final de semana e feriados) e planos futuros (um dia se mudar para a fronteira do Brasil), ou não. 

Desta forma, até aqui já deve ter ficado bem claro pra você que os stakeholders mais próximos de você se afetam tanto pelo momento presente quanto pelas situações futuras que virão. O momento presente é a situação TEMPORÁRIA que foi descrita na definição da Wikipedia, e a situação futura é a situação DURADOURA

Uma ressalva aqui. Claro que essa "situação duradoura" pode não ser para sempre, afinal, existem concursos de remoção nas instituições públicas, de maneira que você possa vir um dia a retornar à sua cidade natal, mas isso é bem incerto e pode levar um certo tempo pra acontecer (alguns anos), de maneira que temos que considerar sua situação futura numa outra cidade (talvez no Norte do Brasil ou na fronteira) como uma situação ao menos "permanente".

Provavelmente os stakeholders percebem os momentos presentes com mais intensidade que as situações futuras, mas isso não quer dizer que você deva "esconder" informação deles, omitindo o fato de que um dia vocês todos terão que se mudar para outro lugar, ou ficar um bom tempo sem ver você (algumas pessoas preferem se mudar e ir morar sozinhas, sem a família, numa cidade longe de casa, e visitar os familiares sempre que conseguem uma folga no trabalho).

Vamos analisar agora outro ponto da definição do termo Stakeholder, em especial este trecho, que diz que "O sucesso de qualquer empreendimento depende da participação de suas partes interessadas e por isso é necessário assegurar que suas expectativas e necessidades sejam conhecidas e consideradas pelos gestores."

No caso do seu projeto de passar no concurso público, adivinhe quem é o "gestor"? Resposta: é você mesmo. Você é o "diretor da empresa da sua vida", a pessoa que vai planejar, organizar e gerir tudo o que vai acontecer daquele ponto para frente. Você vai decidir para qual concurso vai estudar, quanto tempo por dia, em quais dias, e até vai escolher uma cidade para morar no futuro. 

Mais uma ressalva aqui. Sim, na PF por exemplo, existe um dia (no final do curso de formação) em que os alunos da Academia Nacional de Polícia escolhem a lotação que vão ocupar. Funciona da seguinte maneira: são somadas todas as suas notas de todas as disciplinas durante o curso de formação, e depois as notas de todos os alunos são colocadas num ranking decrescente, onde o aluno que tem a maior nota começa a cerimônia de escolha de vagas escolhendo em qual cidade vai tomar posse, dentre as opções de vagas disponíveis para cada cidade. Depois, o segundo aluno escolhe sua lotação, depois o terceiro, e assim por diante, até o último colocado no curso de formação. Sendo assim, quem está melhor classificado tem maior chance de escolher uma lotação "boa" do que quem ficou no final do ranking, pois normalmente as "melhores" cidades são as primeiras a serem escolhidas, e as "piores" cidades ficam por último. Coloquei entre aspas, porque cada pessoa tem sua própria definição do que é "melhor" ou "pior", dependendo de fatores como: onde fica sua cidade natal, se prefere cidade grande ou pequena, ou sua estratégia com relação ao próximo concurso de remoção (se prefere ficar numa cidade "boa" com pontuação baixa ou numa cidade "ruim" com pontuação alta -- isso conta para o concurso de remoção, mas não cabe explicar aqui agora). O concurso de remoção não é objeto de nossa análise aqui, mas o ponto que era necessário explicar era este da escolha das vagas. Um dia você estará diante de um microfone e terá que escolher uma cidade para morar pelo menos nos próximos 3 anos (talvez 5 ou 8, a depender da frequência com que o governo faça concursos públicos para o seu cargo). Portanto, essa decisão futura da escolha da cidade afeta tanto você quanto seus stakeholders (amigos, membros da família etc).

Continuando, o "sucesso" do seu projeto de passar num concurso vai depender fortemente "da participação das partes interessadas" (seus stakeholders) e por isso é necessário ASSEGURAR que suas EXPECTATIVAS E NECESSIDADES sejam conhecidas e consideradas"

Você precisa portanto CONVERSAR MUITO com seus stakeholers, primeiramente para explicar o tamanho do desafio ao qual você está sendo submetido (que é por opção própria), e depois para entender as expectativas e necessidades deles nessa trajetória, tanto presentes quanto futuras, e não só as futuras. E no final, tentar ao máximo alinhar o seu desafio com as necessidades e expectativas deles, solicitando apoio e ajuda.

Digo isto porque, como já dissemos, os stakeholders são afetados tanto pelo momento presente quanto pela situação futura. As necessidades e expectativas são tanto presentes quanto futuras. 

Seus amigos e familiares têm necessidades que precisam ser endereçadas no momento presente, e no momento futuro também. De nada adianta resolver o problema no presente, e depois quando chegar o momento de se mudar para um lugar muito longe, arrumar um outro problema maior ainda. E isso também tem a ver com as expectativas, pois as expectativas com relação ao futuro podem influenciar as atitudes no presente

Então, todos os tempos têm que ser considerados aqui, o presente e o futuro, de maneira a gerar um "equilíbrio de forças" para "minimizar riscos e impactos negativos", tanto no projeto presente quanto na situação duradoura do futuro.

Bem, mas todas as pessoas que você conhece são stakeholders? 

Não, nem todas. Como foi dito antes, stakeholders são pessoas interessadas e afetadas pelo seu projeto, no momento presente e no momento futuro, seja você vitorioso no seu projeto, ou não. 

Independentemente se você passar ou não no concurso, você terá seu presente e seu futuro afetados pelo projeto. Isto porque se você passar, provavelmente mudará de vida, se tornará um policial, terá que ter uma vida com mais cuidados, viverá numa cidade longe da sua cidade natal, etc. E se você estudar por anos a fio e acabar não passando, e desistindo do projeto, você também terá seu futuro afetado, pois terá passado anos fora do mercado de trabalho, e terá que se esforçar bastante para retornar à vida que tinha antes. 

É claro que ninguém inicia um projeto já pensando no fracasso ou em desistência, mas um bom gestor sempre mapeia todas as possibilidades, por mais penoso que seja esse trabalho, do ponto de vista emocional. Você tem que ter consciência e pé no chão de que se um dia não tiver mais condições de se bancar (ou ser bancado) para permanecer estudando, o projeto pode ir por água abaixo. Existem diversas outras situações que te empurram para abandonar o estudo para o concurso, como uma boa promoção no trabalho (com respectivo aumento de carga de trabalho e responsabilidades), o nascimento de um filho, um aumento repentino de responsabilidades com relação aos pais na velhice, e várias outras coisas. 

Eu vejo essa situação de desistência acontecer com muita gente, e nem sempre as situações da vida são previsíveis ou totalmente controláveis. Algumas pessoas passam por esses tipos de situações e conseguem, ainda assim, com muito custo, continuar no projeto, e passam no concurso público. Outras vão perdendo a força e desistem. Outras já desistem de cara. Qualquer um está sujeito a isso, então o ideal é se esforçar para passar no concurso o mais rápido que puder, para permanecer o mínimo de tempo possível submetido a esses tipos de riscos.

Enfim, note então que os stakeholders são pessoas próximas a você (ou algumas não tão próximas, como já dito) que são diretamente interessadas e afetadas pelo seu sucesso ou seu fracasso, e que têm necessidades atuais e expectativas futuras que também têm relação com seu sucesso ou seu fracasso.

Dito isto, e respondendo a pergunta supra, nem todas as pessoas com quem você se relaciona são stakeholders do seu projeto de passar no concurso público.

O passo agora é MAPEAR seus stakeholders, e identificar de qual TIPO eles são. O que você precisa fazer é entender quem são as pessoas interessadas e afetadas no seu projeto, e qual a relação atual e futura delas com ele, ou seja, como se relacionam com ele.

Sim, pois não necessariamente você tem apenas stakeholders problemáticos. É possível que você possua alguns stakeholders que ao invés de demandarem tempo e de atrapalharem seu projeto, que já te ajudam e te empurram para a frente. E podem existir os stakeholders neutros, que não ajudam e nem atrapalham. 

Desta maneira, podemos ter três tipos de stakeholders: os que influenciam positivamente, os que influenciam negativamente, e os neutros, que não ajudam e nem atrapalham. 

O seu objetivo aqui na "gestão de stakeholders" será o de maximizar o impacto positivo dos que já te ajudam, minimizar o impacto negativo dos que te atrapalham (ou transformar em impacto positivo, o que seria melhor ainda), e os que são neutros podem ser transformados em stakeholders positivos também, se for o caso. 

Os stakeholders que te influenciam positivamente são aqueles que já adquiriram consciência da amplitude e da dificuldade do seu projeto de vida, já entenderam o importante papel que eles têm no seu dia-a-dia, e já alinharam com você as expectativas com relação ao futuro. Estes são os que "remam" junto com você em direção ao seu objetivo, te ajudando financeiramente, te dando apoio moral e psicológico, tomando conta de mais atividades da casa para deixar mais tempo livre para você estudar e treinar, etc. São os que te apoiam incondicionalmente, sem cobrar resultados.

Os stakeholders que te influenciam negativamente são aqueles que ainda não adquiriram consciência do tamanho do seu desafio, e por isso ainda não te apoiam (ou mesmo te atrapalham), não entenderam ainda o importante papel que eles têm nesse projeto, ou não possuem expectativas muito boas com relação ao futuro que vocês têm em comum (lembra? Novo emprego, nova cidade, novos amigos etc). Esses são os que "remam contra a maré", demandando cada vez mais tempo do seu dia nas tarefas da casa, com os filhos, cobrando de você um resultado positivo rápido nos concursos, etc.

Os stakeholders neutros podem ser de vários tipos, como os que conhecem a sua situação mas preferem "não se meter" com suas rotinas, os que sabem do problema mas não ajudam por não saberem COMO ajudar, os que são mais indiferentes a você e aos seus planos no presente e no futuro, ou aqueles que ainda estão na casta da ignorância e não sabem ou não perceberam ainda como serão afetados no futuro quando você passar no concurso, tiver uma nova profissão, e se mudar de cidade. No caso destes, seria interessante mapear aqueles que podem ser transformados em stakeholders positivos, e os que devem ser mantidos como neutros.

Portanto, para fazer a gestão dos seus stakeholders, além de entender o conceito principal de stakeholders, você também precisa identificar os principais stakeholders do seu projeto do concurso público, entender qual o tipo de influência que cada um deles tem atualmente, e como vai tratar cada um dos casos, ou seja, como vai manter os stakeholders positivos, e identificar quais são os casos problemáticos, e quais deles são remediáveis e quais não são. Os casos remediáveis devem ser remediados, por óbvio. Os casos não remediáveis, ou aqueles que "não têm jeito", devem sofrer tratamento distinto. Vamos falar de cada um deles especificamente.

Os casos considerados remediáveis são aqueles dos stakeholders negativos que você considera que podem ser revertidos depois de uma boa conversa. Talvez não seja uma conversa fácil, mas ela terá que acontecer. 

Eu lembro do caso de um aluno meu que sempre me relatava que sua esposa demandava muito tempo do dia dele com o filho, para arrumar de manhã e levar o filho na escola, para dar comida de noite, para colocar para dormir, etc. Além disso ela trabalhava e ajudava financeiramente na casa, e ele (meu aluno), não trabalhava. Era uma cobrança emocional muito pesada da parte dela, e isso atrapalhava muito a disciplina dele no dia-a-dia, tanto de estudo quanto de treino.

Depois de muito conversar com ele sobre isso, no âmbito da gestão dos stakeholders, sugeri que tivesse uma conversa muito séria com a esposa dele, pois ele deveria colocá-la a par do tamanho do desafio ao qual ele estava sendo submetido, numa intensa rotina de estudos e treinamento físico, e que ela deveria, temporariamente, assumir maior parte das atividades mencionadas acima, pois isso seria um esforço necessário para o sucesso DELES nesse projeto. 

Eu pedi a ele que explicasse a ela que o projeto não era DELE e sim DELES. Era um projeto FAMILIAR, que dependeria do esforço dos dois no presente para que alcançasse o sucesso no futuro, como se fosse um investimento (de tempo e dinheiro). Caso a esposa dele não compreendesse que o projeto seria de AMBOS, a situação se tornaria cada vez mais crítica, até chegar a um ponto insustentável, talvez a um colapso. A esposa do meu aluno tinha que compreender que ela estava atuando como um stakeholder importante naquele projeto (talvez o mais importante de todos), influindo o tempo inteiro nos rumos do projeto, podendo remar para frente ou para trás, e que o resultado final daquele projeto influenciaria a vida futura dela, do filho deles, da família dela, dos amigos da família, e também dos familiares. Ela precisaria compreender e tomar consciência do importante papel que deveria ter para colaborar com o sucesso da missão, no atingimento do objetivo final.

Mas para isso, é óbvio que ela deveria antes de qualquer coisa CONCORDAR com objetivo final do projeto. De nada adiantaria pedir para ela colaborar num projeto como este, se a consequência final do projeto será algo totalmente indesejável para esta pessoa (se mudar de cidade, ir para a região da fronteira, ficar longe dos pais e amigos, trocar de emprego etc). Se você pede para sua esposa ou esposo te ajudar financeiramente e nas tarefas de casa, essa pessoa só vai fazer isso se estiver totalmente de acordo não só com o momento presente, mas com o momento futuro que virá.

Para isso, no caso deste meu aluno, eles tiveram que fazer várias reflexões e planejamentos acerca da vida futura do casal e da família como um todo. Eles precisaram se imaginar na situação futura, imaginar como seria a vida numa cidade nova, como seria a educação de seu filho, como seria duro viver longe dos pais, mas também como seria bom ter o prazer, a realização pessoal e o prestígio de ser um POLICIAL FEDERAL. Pedi a ele que conversasse com a esposa mostrando o quanto aquilo era importante para ele, o quanto ele havia planejado para se tornar um PF, e como aquilo iria ser bom para a família também. Depois de debater e conhecer melhor todas as nuances da vida futura que teriam, as incertezas e o medo diminuíram, e foi mais fácil planejar e desejar este futuro, através de medidas positivas no presente. Depois destas sessões de conversa (sim, foram várias!), o relacionamento dos dois ficou melhor, pois ambos passaram a estar dentro do mesmo barco, remando na mesma direção, ambos conscientes de seus papéis presentes e futuros. 

A esposa do meu aluno passou até a treinar corrida junto com ele, unindo o útil ao agradável, ou seja, gerando uma sinergia adicional entre o casal que nem existia antes. Os dois passaram a se exercitar juntos nos dias da semana à noite, e também nos finais de semana. Antes, uma atividade que era penosa para ambos passou a ser gratificante e prazerosa. Além do meu aluno poder se preparar para o TAF (Teste de Aptidão Física), ela também passou a se exercitar, coisa que nem fazia antes! Este tipo de alinhamento é fundamental.

Mas este foi um caso relativamente fácil. Existem casos bem mais complicados, que são os stakeholders não remediáveis, ou seja, aqueles casos que "não têm jeito". Se você tem algum amigo ou familiar que rema para o lado oposto, e não tem como transformar essa relação negativa em positiva, o ideal a fazer é pelo menos neutralizar seus efeitos

Por exemplo, digamos que você tenha um grande amigo que não estuda para concurso público, e que portanto tem uma vida bem agitada socialmente, com várias festas, chopps, shows, baladas, churrascos, happy hours, noitadas, etc., e está sempre te enchendo o saco para o acompanhar neste tipo de programa. Apesar de você já ter conversado com ele e explicado seu projeto, e sua situação de vida, e que você TEMPORARIAMENTE vai estar um pouco "out" desse tipo de programa, ele continua te importunando pelo telefone ou aparecendo na sua casa para te levar para o mau caminho. 

Este tipo de pessoa dificilmente se tornará alguém que vai te influenciar DE FATO positivamente para o concurso. Sim, pois apesar do seu amigo dizer, da boca pra fora, que apoia seu projeto, que espera que você passe no concurso, que você realize seu sonho, ele ao mesmo tempo não abre mão da sua companhia no happy hour da quinta-feira, na balada de sexta e no churrasco de sábado. De forma inconsciente e talvez até irracional, ele continua te procurando tempestivamente, ocupando seu tempo, tirando seu foco e demandando sua companhia e atenção. Se você já sabe que essa pessoa nunca poderá te influenciar positivamente, procure ao menos anular essa influência, isolando tal pessoa, ao menos por um tempo. 

O projeto do concurso não é para sempre, é algo temporário, que um dia vai acabar. Mesmo que esta pessoa não saiba disso, VOCÊ SABE, e por isso você sabe que se essa pessoa for sua amiga de verdade, vocês voltarão a se relacionar e a sair à noite no futuro, quando você tiver colocado seu burro na sombra. Então, num caso como esse, procure se afastar dessa pessoa por um tempo. 

Quando receber um convite, seja ríspido e duro. No início é difícil pra caramba, eu sei, porque eu passei por isso, mas provavelmente será questão de tempo para a pessoa entender que o amigo dele "sumiu do mapa". Depois de algum tempo tomando negativas quando te chamar para sair, essa pessoa vai perceber que a situação mudou e provavelmente não vai mais te chamar. E depois que você passar no concurso você volta a procurar seus amigos para comemorar bastante. Se ele é seu amigo, ele vai acabar compreendendo, mesmo que tardiamente. E vai ficar feliz com o seu sucesso, depois que você tomar posse como POLICIAL FEDERAL.

A mesma situação se aplica para familiares que sugam o seu tempo. Evite-os na medida do possível. Sempre que puder anular as influências negativas, anule-as. Ignore as pessoas que te atrapalham, coloque-as para escanteio, mantenha-se fora do raio de influência delas. Se for necessário, isole-se. 

Eu tive um aluno que tinha um problema sério de demanda de atenção com sua mãe. Como ele gostava de estudar dentro de casa, e sua mãe era dona de casa, ela passava o dia inteiro demandando a atenção dele. Apesar de saber do desafio do concurso público, de toda a dificuldade para ser disciplinado, se concentrar nos estudos, de fazer render bem as suas horas do dia, a mãe dele acabava por solicitar ajuda em tarefas domésticas durante todo o dia, além de falar alto dentro de casa, ouvir televisão no último volume, e coisas deste tipo. No caso deste meu aluno, não teve jeito: sugeri a ele que passasse a estudar fora de casa, numa biblioteca próxima. Ele passou a acordar cedo, e permanecia durante todo o dia na biblioteca estudando, só retornando no final do dia. Seu dia tinha rendido tanto mais, que ele podia dar atenção para sua mãe à vontade, no momento de lazer e descanso. A relação entre eles permaneceu boa, e ele conseguiu o foco e atenção que eram tão necessários ao estudo.

Existem muitos casos, todos diferentes, todos específicos, mas que precisam ser analisados e cuja solução precisa ser desenhada e implementada. Você precisa pelo menos ANULAR as influências negativas, se possível transformando em influências positivas.

Bem, e os stakeholders que já ajudam bastante no seu projeto? Talvez você possa obter mais positividade ainda desta relação, ou pelo menos manter nos níveis atuais. Toda relação precisa de manutenção, portanto não se engane de que algo pode mudar de um dia para o outro. Procure administrar essas relações de positividade de maneria que sejam duradouras, enquanto seu projeto estiver em curso.

E quanto aos stakeholders neutros, que não ajudam e nem atrapalham, como já dito anteriormente, você tem que entender quais podem ser transformados em positivos, e quais devem ser mantidos como neutros.


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